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Paula Serman – @belezacura

Transcrição da live de 11/03/2019 (@debcaroli)

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Há muita dúvida e muito equivoco em torno desse assunto. A modéstia é uma virtude. Uma virtude é um bom hábito que faz que a gente incorpore uma característica muito boa que vai nos ajudar, ajudar nos outros, nos fazer pessoas melhores. Existe uma hierarquia de virtudes. O principal é a caridade, o amor, a entrega, a generosidade, que nos faz sair de nós mesmos e, em última análise, darmos a vida pelo outro. Sendo mais concreta, é o que faz a gente fazer o bem, faz a gente sair da nossa casa e ir ajudar uma amiga mesmo sem ter vontade. É o que faz a gente se preocupar com a felicidade do outro.

A modéstia é uma virtude que está muito associada ao pudor e faz parte do cortejo da castidade que faz parte do cortejo da temperança. Por isso eu disse, existe uma hierarquia desses bons hábitos e todos os outros hábitos corroboram para o desenvolvimento desse hábito mais importante e vai fazer que a gente seja de fato mais caridosa e aprender de fato a amar.

Caridade não é só ajudar os pobres.

Como a gente vive dessa forma concreta, na prática, a castidade? Ela é uma virtude que nos ajuda a amar com o corpo e com a alma. Nós somos corpo e alma e essas duas dimensões são indissociáveis. Não existe agora estou amando com o corpo e agora estou amando com a alma. A nossa humanidade nos exige amar com essas duas dimensões, a castidade nos ajuda a amar com o corpo e com a alma, com o coração inteiro, de acordo com o estágio de vida. Se eu vou casar, se vou ficar solteira, se tenho vocação religiosa. É viver o ápice da demonstração do amor, que é o ato sexual, dentro da sua dignidade.

É importante entendermos essa dignidade que o nosso corpo tem. Um exemplo médico: temos órgãos nobres: cérebro, rim, coração.  Eles são órgãos muito protegidos. Temos a pele, a gordurinha, a camada muscular, uma proteção óssea, proteção de membrana… Eles estão muito protegidos. Pra gente alcançar esses órgãos nobres, a gente passa por várias camadas. Se a gente ferir esses órgãos, vamos ser prejudicados. O próprio corpo humano nos ensina que o que é nobre tem que ser bem guardadinho. Se o coração fosse exposto? Poderia romper uma artéria… Ferir seriamente…

Outro exemplo é: a gente não anda com o que a gente acha importante por aí. Hoje em dia todo mundo tem celular, eu trabalho com o celular. Se alguém roubar meu celular vai me causar um baita prejuízo. Se eu sair por aqui com o celular mostrando pra todo mundo, vão me roubar. Se eu trato com cuidado, se eu protejo, se eu guardo um celular, eu tenho que guardar o que há de muito importante que é o meu interior. A nossa interioridade, que em tese nós conhecemos mais do que qualquer pessoa, a gente só entrega pra quem realmente vai receber com cuidado, com delicadeza, com a importância daquilo. Nosso interior fala dos nossos desejos, sonhos…. e através da nossa corporeidade, da nossa aparência, da nossa roupa, nosso jeito de se apresentar, nossa aparência externa, vamos falar do nosso interior. Algumas partes do nosso corpo fala da nossa interioridade. Isso não é religioso. É parte da antropologia humana, é uma exigência do ser humano. Essa voz que nos pede que a gente guarde isso, às vezes fica embotada, ás vezes nossa sensibilidade está comprometida, e a gente acaba expondo demais o nosso corpo sem confiança, a gente entrega o meu interior quando mostra excessivamente o meu corpo. Eu não estou nem sabendo. A gente está esparramada. A gente está ali com o coração exposto, com tudo à mostra. Com o risco de entrar uma bactéria… na nossa afetividade. É importante a gente aprender essa dignidade do nosso corpo. Entender que corpo e alma andam juntos. E a gente mostra isso através da nossa aparência.

A mulher, em relação ao homem, tem características bem próprias em termos corporais e psicológicos, que fazem que ela esteja mais exposta. O funcionamento da mulher é diferente. Quando ela se expõe demais acaba despertando determinados sentimentos no homem, impulsos que podem confundir.

É importante entender que quando a gente entende a importância da nossa aparência, do nosso interior, quando a gente entende que com a forma que a gente se apresenta a gente mostra quem a gente é, a gente mostra nossa capacidade de amar através da nossa aparência. A gente vai começar a usar nossa imagem não para constranger os outros, não para violentar, não pra chocar, não pra atrair de forma leviana. A gente vai usar nossa imagem pra agradar, pra elevar, pra trazer uma sensação gostosa, um conforto para a vida dos outros, para agradar nosso Criador, e pra no agradar, pra ter esse amor próprio saudável.

A consequência disso é muito boa pra tudo. Comecem a perceber isso. Você não entende por que ficar falando que “shortinho, decote, que coisa careta”! Isso não tem nada de careta. Isso tem um fundamento muito bonito. Percebam que o pano de fundo de tudo isso é o amor. A gente só tem esse cuidado quando a gente ama, quando a gente quer amar de verdade. Isso é fruto e consequência. Tem como consequência o amor e tem como fruto o desejo de amar.

Quando a gente se veste bem, tem essa decência e elegância, é por amor e não por medo. Não é por medo do amor, medo do mundo, não é por obediência servil, apontar o dedo pros outros, não é por soberba, não é por necessidade de criar um grupinho. Não. A gente faz isso por amor. Cuidar da nossa dignidade não é fugir da vida. Pelo contrário, quando a gente aprende a amar de verdade a gente se abre pros outros. O nosso coração se dilata, engrandece, a gente se torna pessoas magnânimas, com grandeza pelos outros. A gente tem esse pano de fundo essa retidão de intenção. Só vive essa virtude da modéstia quem está vivendo e quer viver o amor, quem quer realmente tratar o próprio corpo, a si mesmo e o outro com delicadeza, cuidado, respeito, sem fugir, sem se esconder. É uma virtude muito própria de quem é apaixonado pela beleza, de quem está atento ao outro. É tão bonito, mas tem que ser uma atitude do coração.

Existem muitas seguidoras que falam que começaram a viver a modéstia… uma virtude se vive com naturalidade. Não é com uma forma esquisita, afetada, não é ficar mostrando pra todo mundo “oi, gente, tô vivendo a modéstia, tá bem? Como é que vc tá?”… isso é tosco. Viver uma pretensa modéstia dessa forma, porque isso não é virtude, é tão grave quanto a livre hiper exposição do corpo de uma forma leviana. É tão grave quando, porque isso cria uma legião de gente estranha, esquisita, amedrontada, com nojinho das pessoas, com medinho dos outros. Que coisa ridícula isso. Tem gente que é muito vítima de outras pessoas que talvez também sejam vítimas, que não entende nada…. eu não sei o grau de má intenção… Eu não estou aqui pra julgar… Muita gente tem boa intenção mas a gente precisa entender que o inferno também está cheio de boa intenção.

A gente pode muito bem se vestir bem, sermos modernas, sermos atraentes, até porque a virtude é bonita e atraente. A beleza está alinhada com a bondade e a verdade. Bondade, beleza e verdade transcendentais do ser. Não tem como desvincular uma coisa que é bonita da beleza. Vira uma coisa tosca, esquisita, feia, que faz mal, que corrompe. É importante a gente ter muita noção disso.

As próprias seguidoras falam comigo que agora estão vivendo a modéstia “mas estou me achando muito esquisita”. Óbvio, você não está vivendo a modéstia verdadeira. Você tá vivendo um treco esquisito, um negócio que te falaram que você não tá entendendo o que é. Quando a gente tem uma mudança de vida a gente vai entendendo muitas coisas aos poucos. Não é uma obediência servil, é uma obediência por amor, é uma confiança em Deus, a gente precisa ter guias sensatos. A nossa mudança para melhor exigem um leve sacrifício e desconforto, mas desconfie se essa mudança de vida te atormenta, se tira a sua paz… isso não tá legal, tá esquisito…

Se eu tenho o propósito de atrair a pessoa para o bem, eu tenho que estar bonita. Quem vai querer imitar a outra se está uma mocoronga, uma brega, isso é é desvirtuar, é feio. Não é virtude. Quando a gente tem boa intenção, exige que a gente se controle… não é pra ser estranho, esdrúxulo. Você que lê a Bíblia, já viu Jesus sendo esquisito? Ele estava lá na galera do pecado, mas não ficava gritando ah, vc não tá vivendo a modéstia. Primeiro ele amava, fazia a pessoa se sentir tão digna, que naturalmente existia uma entrega do coração da pessoa, que acontecia na entrega da corporeidade.

Isso não é religioso, é uma atitude humana. Uma pessoa sensata, boa, que tem retidão de coração, mesmo que não tenha nenhuma religião, ela vai chegar a essa conclusão. É um erro a gente reduzir uma virtude a uma saia midi que não fica bem em todo mundo. Agora, vc vai enfeiar a pessoa para que ela possa se converter? Daqui há pouco ela vai embora. Não é por aí que a banda toca. Quer usar saia midi, usa. Mas uma virtude não é reduzida ao endeusamento da saia midi, da roupa mequetrefe…. Não é possível que estejam fazendo isso com as pessoas. Fica uma coisa que não dá nem vontade de olhar. Eu tenho pena dos maridos.

O estio sexy, os elementos sexy, devem ser usados de forma sutil e estratégica no momento certo para a mulher que é casada, para a que quer arrumar um namorado, porque ele mostra um pouco de abertura para o relacionamento. É diferente de ter um comportamento esquisito, não consegue nem dar oi. É uma afetação porque entra na missa, deita no chão quase… caracas… cada um tem sua forma de viver a fé, uma espiritualidade. Dentro da própria igreja católica, não interessa, qualquer coisa que é boa, que é virtude, que é normal… Oi, gente, eu ô vivendo a fortaleza… a virtude da generosidade… por isso eu tô aqui fazendo essa live pra vcs… isso é muito hipócrita, soberbo, parece um fariseu. Viver uma virtude, quando a gente entende que é importante ajudar as pessoas… ajuda a gente a viver nossa dignidade, nossa afetividade, ajuda no ambiente profissional, familiar, não constrange quem tá perto de mim, não torna o ambiente leviano, não constrange aquele meu colega de trabalho, ele não vai achar que eu tô dando mole pra ele porque eu tô com um decotão… shortinho, decote, usa lá com seu marido… entre quatro paredes.

Mas vamos endireitar o pensamento. Quem quer usar véu usa. A questão é reduzir uma virtude, uma coisa que é boa, a determinados hábitos que são legalista, isso não é viver a caridade a gente excluir as pessoas do culto religioso… a gente pode orientar que certos ambientes exigem um certo decoro, determinadas peças não são adequadas… agora, não poder entrar porque tá de calça? Se tivesse de calcinha, mas é uma calça! Isso é um absurdo, fere demais a misericórdia, a nossa capacidade de olhar por outro e mesmo que acha que está fazendo algo errado a gente acolhe. Será que o caminho é esse? Vamos refletir.

Eu sou a primeira a falar que a exposição não é legal, mas também sou a primeira a falar que a virtude é bonita, ela permeia a nossa vida, a gente insere a beleza de uma maneira muito natural. Vai lá e ajuda a amiga a se sentir linda e maravilhosa. É nosso dever ser transmissor e multiplicador da beleza, sem afetação, com naturalidade e sobretudo com amor, vivendo de verdade esse desejo de fazer o outro feliz, ter esse coração magnânimo, grande, dilatado, que faz a gente esquecer da gente mesmo e olhar por outro.

Se tem uma amiga minha que eu acho que não tá se vestindo bem, eu acho que pode se vestir melhor, que está causando uma má impressão com a imagem por hiper exposição, onde, é de bom tom que deu converse, que eu dê um toque… mas antes você tem que ser muito amiga dela, querer o bem dela de verdade, porque se não vai ser o quê? Uma lição de moral pra você ser a maneirona, pra você se sentir bem? Você tem que ser amiga dela até o fim.

Observação: O link da live já está no disponível no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=pVfdFZMm-ZQ&feature=share.

 

Sabe aquele momento que você perdeu algo e precisa refazer os passos desde a última vez que se lembra ter o objeto na mão, para ver se consegue encontrar o que perdeu?

Ano: Agosto de 2006
Lazer: Leitura, leitura e leitura
Comunicação: Celular em formato de bolacha de maisena (meu primeiro aparelho). Cada torpedo custava R$ 0,40 e o minuto de ligação era R$ 1,38 – debcaroli-quartoou seja, só para emergências.
Sem notebook, sem computador em casa, sem internet, sem TV a cabo, minha vida era só ler, ler e ler e trabalhar.
E foi nesse momento que tudo mudou. Perdi algo importante. Mas ganhei outras coisas que pareciam interessantes. E só hoje eu me dei conta do que perdi e do que ganhei. E só hoje me dei conta que eu quero de volta o que perdi naquele momento, quando resolvi aceitar as outras coisas brilhantes que piscavam diante de mim e me permiti distrair do que estava perdendo… sem me dar conta… Só hoje eu consigo ter consciência de que o que eu ganhei foi vaidade, no sentido puro e concreto detalhado por Salomão em Eclesiastes. E agora não me serve para nada. Não era importante, embora parecesse interessante. Não tem serventia, embora parecesse progresso. Não tem mais progresso, embora parecesse liberdade. Não tem liberdade, pois já virou hábito/comportamento sem sentido. Não é adulto, embora parecesse independência e personalidade.
E agora, agora a jornada é longa. Não de retorno, porque o tempo não volta. Mas de busca, deixando para trás o que não me leva pra frente.
Em meio ao caos, encontro a ordem. Em meio à angústia, reencontro minha essência.

Logo Eu

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Namore alguém que desperte o teu riso fácil, alguém que ame o teu jeito bagunçado e que se importe com o que você sente. Alguém que não dê as costas para a sua dor e que te acolha mesmo não entendendo os seus porquês. Namore alguém que seja teu amigo, que goste da tua risada escandalosa e que veja graça nas suas piadas sem graça.

Namore alguém que emocionalmente te ame por inteiro, sem desculpas. Alguém que deixe os “e se” de lado e queira viver uma história ao seu lado.

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Estou começando a ficar cansada de ver mulheres gritando que a gente tem que ser dura, que tem que tratar mal, que não pode ser boazinha, que não pode abrir o coração pra homem nenhum, porque homem não presta. Estou exausta de ouvir que homem gosta de mulher que pisa. Eu não aguentaria um relacionamento assim, onde eu não posso ser eu, onde eu teria que mudar a minha natureza e me transformar em uma pessoa amarga, sempre na defensiva, fazer meu coração petrificar de medo. Já me basta o desafio de resolver os problemas da vida do tipo contas a pagar. Melhor viver sozinha do que ter a companhia de um homem que, para ficar comigo, precise ser mal tratado.

Não. Eu não aceito ser maltratada, e menos ainda vou mergulhar nessa loucura de maus tratos. Que história é essa de que uma relação de amor, para dar certo, tem que ter alguém sendo humilhado?

abelaeaferaNão. Eu me recuso a embarcar nessa. Para mim, um relacionamento tem que ser o oásis da vida nesse mundo tão cruel. Tem que ser uma união para que juntos possamos resolver os problemas, consolar um ao outro da maldade de terceiros, e não um se transformar no problema e na dor do outro. Não. Não vou virar uma mulher difícil, com coração de pedra, amarga, e fazendo coisas nada espontâneas… com medo de ser feliz.

E aconselho a mulherada a parar com essa neurose coletiva de tratar mau os homens. Vocês estão estragando os homens bons agindo desse jeito. Eles acabam ficando traumatizados e mergulham nessa loucura de que mulher não presta, que mulher não gosta de carinho… O que será das relações futuras se todo mundo se permitir estragar desse jeito?

Eu me recuso a ficar quebrada. Tudo nessa vida tem concerto. Tudo passa. Até a dor de um amor desastroso. Tenho dito!

Lições da vida

Ah, vida. Você gosta de brincar comigo, né? Testar meus limites, pregar peças, pegadinhas, e me colocar em labirintos que nem eu acredito que consegui sair. Você adora me colocar em provas de sobrevivência na floresta das emoções, no deserto do amor, no pantanal da ansiedade. Tudo bem que eu curto um desafio, gosto de saber o que eu aguento e o que eu não aguento. Resiliência. Sei que você tá me ensinando ser resiliente. Fortalecendo minha capacidade de adaptação. Me mostrando os limites que valem a pena serem ultrapassados e aqueles que são estritamente necessários manter exatamente onde estão. Não, não preciso me adaptar a tudo. Não, não preciso suportar tudo.

Mas que mania você tem de me levar pro céu pra depois me derrubar no inferno. E que mania eu tenho de me jogar da cachoeira e me quebrar toda na pedra rasa. Isso você não me ensina, né? Não me ensina enxergar a pedra nem pular longe o bastante para não me espatifar. Beleza. Sou autodidata. Vou aprender saltar da cachoeira sozinha também, sem quase me matar.

fb_img_1438543083787_19621008904_oAh, vida! Como você é dolorida. E como você é cheia de prazer. Como você consegue ser entediante, às vezes. Mas que delícia são as boas emoções que nos pegam de surpresa. O calafrio na espinha, o frio na barriga, a gargalhada que vem lá de um lugar que nem sei o nome. Mas também tem aquele choro que vem da alma rasgada. E tem aquela dor de amor que esmaga cada célula, uma a uma. Disso você não me protege, né? Ok, ok. Eu que sou teimosa, já entendi. Mas é porque eu te amo, vida. Eu amo todas as suas faces. Eu quero tudo de você. Todas as suas maluquices. Todas as surpresas – as boas e as detestáveis.

Amo descobrir novos horizontes, mas amo igualmente visitar os lugares inesquecíveis que moldaram meu caráter e personalidade. Alguns, eu tenho vontade de demolir com um martelo e tacar fogo. São lembranças que machucam, momentos que impregnaram em mim reações que eu não gosto de ter. Outros, eu gostaria que fossem móveis e portáteis para levar comigo aonde quer que eu for. Mas faço isso com a magia da memória – onde o tempo e o espaço não têm poder algum.

Mas vamos combinar, vida, que já deu de treino de resiliência, não acha? Será que podemos tirar uma licença desse treino? Podemos treinar outra coisa? Por exemplo, como não deixar a felicidade escapar? Ou que tal, como identificar se aquele caminho vai me levar pra onde eu realmente desejo ir? Ah, e o que acha de me tornar especialista em identificar quem merece o meu amor, afeto e dedicação – alguém que realmente queira essas coisas? Rola algo nesse sentido? Eu ficaria muito grata!

Não, eu não tô reclamando. Só tô dando umas dicas pra nossa relação melhorar um pouco – afinal, ser hoje melhor do que ontem e amanhã melhor do que hoje, é a nossa meta, certo? Então, beleza. Era só isso. Fico no aguardo! Cheia de disposição para conhecer o seu outro lado. Quero mais de você! Quero mais você! Quero tudo! Todo o prazer e toda a dor de viver… porque eu só não suporto viver sem amar, pois já aprendi que só o amor rompe qualquer barreira.

‪#‎amor‬ ‪#‎vida‬ ‪#‎love‬ ‪#‎life‬ ‪#‎reflexão‬ ‪#‎diálogo‬ ‪#‎praserfeliz‬ ‪#‎tamojunto‬‪#‎totalmentedemais‬ ‪#‎resiliência‬ ‪#‎desafio‬ ‪#‎inlove‬ ‪#‎vamoscombinar‬ ‪#‎treino‬‪#‎sobrevivência‬ ‪#‎felicidade‬ ‪#‎rola‬ ‪#‎prontofalei‬ ‪#‎rompendobarreiras‬‪#‎labirinto‬ ‪#‎poder‬ ‪#‎dor‬ ‪#‎vaiquecola‬ ‪#‎disposição‬ ‪#‎querovocê‬

Quando a gente entende um objeto, conhece sua história, o porquê de cada material que o compõe, a complexidade de sua fabricação, e sua dinâmica física e funcional, esse objeto ganha um outro olhar. Você vê uma bolinha de tênis e não tem noção de como é complexa sua fabricação. São muitos os processos até que a bolinha esteja nas prateleiras da seção de esportes das lojas – e eu não fazia ideia até hoje à tarde. E tem um motivo muito específico para que sua superfície seja envolvida pelo feltro: gerar mais atrito com o ar para que o atleta tenha maior controle sobre a bola. E isso ocorre porque a cerda do feltro se levanta e diminui a velocidade da bola no ar. Mas antes disso tem o recorte do feltro, a cola, a pressão, o vapor, a feltração, a embalagem…. isso falando só dos processos principais. Envolve muita gente trabalhando e uma tecnologia incrível. Depois de assistir o vídeo que mostra como é feita a bola de tênis, no Theatre Discovery, nunca mais serei capaz de olhar pra uma do mesmo jeito. E fiquei pensando: A alienação do “como” e do “porquê” nos impede de dar o devido valor às coisas – quanto mais às pessoas.

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Mas quando você consegue desacelerar o interesse em você mesmo e para para olhar alguém, conhecer a história dessa pessoa, saber do que ela foi feita, quais foram os fatos marcantes de sua vida, como ela funciona, quais as nuances de sua personalidade e tipo de comportamento, o que ela gosta ou não gosta e porquê… a´algo incrível acontece. Seu olhar sobre a pessoa muda. E você muda junto, porque é no encontro com o outro que a transformação acontece. Ao entender o outro você também se entende melhor. Ao ter contato com a mente e a alma do outro você também entra em contato com suas próprias questões e sobre como se posiciona diante das novas informações. E isso é transformador, é interativo, é dinâmico e maravilhoso.

Que tal dedicarmos mais tempo para conhecer as pessoas em vez de julgá-las? Saber o que as motiva, o que as traumatiza, suas feridas, suas alegrias, suas inércias, suas virtudes e seus defeitos? Não para julgar com os olhos tiranos do que é certo & errado, mas para conhecer, conectar, amar ou até mesmo odiar – mas com conhecimento verdadeiro e não com julgamento superficial e vulgar.

Ninguém é do jeito que é por acaso, apesar de, geneticamente, nossa forma física ser um mero acidente da natureza somado ao resultado dos traumas físicos e alimentação. Mas por dentro, somos todos forjados com a soma das pessoas que nos cercam e o conteúdo com o qual temos contato.

Cada pessoa tem uma história. E assim como meu olhar sobre a bolinha de tênis mudou no momento em que descobri sua história, talvez seu olhar sobre mim também mude quando descobrir a minha, e o meu sobre você – se me permitir lhe conhecer. Sem julgar pela aparência, sem julgar por um fato isolado, sem hipocrisia, sem complexos de inferioridade ou de superioridade.

Que tal dedicarmos mais tempo a conhecermos uns aos outros e menos tempo no isolamento alienante do preconceito e do julgamento estereotipado encrustado por uma sociedade que mal se conhece a si mesma?

Isso vale pra você também. Que tal se conhecer melhor em vez de se cobrar um perfeccionismo angustiante ou se jogar no precipício da depressão por uma baixa autoestima que só existe porque você não sabe quem você é?

Vamos nos conhecer melhor? E sobretudo, sem reservas e preconceitos solitários que apenas servem para nos transformar em ilhas inóspitas.

A Bela e a Fera

Assisti pela terceira vez a última versão do clássico da Disney The Beauty and the Best. Até ontem à noite eu pensava que se tratava de uma história de amor que transcende a aparência. Mas então eu notei que se trata de uma história de amor baseada em uma mentira, em promessas não cumpridas que acarretaram uma maldição, criando a fera. E por fim, uma história de síndrome de Estocolmo, quando a pessoa sequestrada se apaixona pelo seu carcereiro porque acaba enxergando certa bondade nele por mantê-la viva. Não é uma historinha de amor além da aparência física.

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Antes de o príncipe ser amaldiçoado e virar Fera, ele se casou com uma mulher que mentia sobre quem era. “Uma ninfa da floresta que pediu para assumir a forma humana para poder experimentar o que os humanos chamam de amor.” Ah, a corça dourada… acabou deixando o príncipe obcecado por caçá-la. Ele prometeu à esposa que iria parar. Ela se descuidou. Ele a matou porque não cumpriu a promessa. Ela morreu porque confiou nele. E porque mentiu sobre quem realmente era.

Ele, amaldiçoado, só voltaria à forma humana se uma mulher aprendesse amá-lo – além da aparência. Então ele precisou aprisionar Bela, que não era princesa. A refém viveu períodos aterrorizantes, mas quando percebeu que a Fera confiava nela, que poupara sua vida, e que dependia dela para viver, aprendeu a amar seu carcereiro.

Quem sou eu para julgar as diferentes formas de manifestação do amor, até mesmo em uma história. Não é isso o que estou fazendo. Apenas estou pasma em como não havia enxergado essas nuances antes… Mesmo tendo assistido aos desenhos, outras filmagens… só nessa última identifiquei esse pano de fundo. A mentira sobre quem se é de verdade. A promessa não cumprida. Apaixonar-se pelo seu opressor carcereiro porque ele não lhe tirou a vida e agora precisa de você para continuar vivo e mudar, deixar de ser uma fera…

Num meio dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia
Vi Jesus Cristo descer à terra,
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.


Tinha fugido do céu,
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras,
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem


E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.


Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!


Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três,
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz


E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz no braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras nos burros,
Rouba as frutas dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.


A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas,
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.


Diz-me muito mal de Deus,
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia,
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.


Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que as criou, do que duvido" -
"Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
mas os seres não cantam nada,
se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres".
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
....................................

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.


A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.


A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos a dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.


Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.


Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade


Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales,
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.


Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos,
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
.....................................

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu no colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
.....................................

Esta é a história do meu Menino Jesus,
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?
Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir. 
Sentir tudo de todas as maneiras. 
Sentir tudo excessivamente, 
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas 
E toda a realidade é um excesso, uma violência, 
Uma alucinação extraordinariamente nítida 
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas, 
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas 
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos. 

Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas, 
Quanto mais personalidade eu tiver, 
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver, 
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas, 
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento, 
Estiver, sentir, viver, for, 
Mais possuirei a existência total do universo, 
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora. 
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for, 
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo, 
E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco. 

Cada alma é uma escada para Deus, 
Cada alma é um corredor-Universo para Deus, 
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo 
Para Deus e em Deus com um sussurro soturno. 

Sursum corda! Erguei as almas! Toda a Matéria é Espírito, 

Porque Matéria e Espírito são apenas nomes confusos 
Dados à grande sombra que ensopa o Exterior em sonho 
E funde em Noite e Mistério o Universo Excessivo! 
Sursum corda! Na noite acordo, o silêncio é grande, 
As coisas, de braços cruzados sobre o peito, reparam 

Com uma tristeza nobre para os meus olhos abertos 
Que as vê como vagos vultos noturnos na noite negra. 
Sursum corda! Acordo na noite e sinto-me diverso. 
Todo o Mundo com a sua forma visível do costume 
Jaz no fundo dum poço e faz um ruído confuso, 

Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça. 

Sursum corda! ó Terra, jardim suspenso, berço 
Que embala a Alma dispersa da humanidade sucessiva! 
Mãe verde e florida todos os anos recente, 
Todos os anos vernal, estival, outonal, hiemal, 
Todos os anos celebrando às mancheias as festas de Adônis 
Num rito anterior a todas as significações, 
Num grande culto em tumulto pelas montanhas e os vales! 
Grande coração pulsando no peito nu dos vulcões, 
Grande voz acordando em cataratas e mares, 
Grande bacante ébria do Movimento e da Mudança, 
Em cio de vegetação e florescência rompendo 
Teu próprio corpo de terra e rochas, teu corpo submisso 
A tua própria vontade transtornadora e eterna! 
Mãe carinhosa e unânime dos ventos, dos mares, dos prados, 
Vertiginosa mãe dos vendavais e ciclones, 
Mãe caprichosa que faz vegetar e secar, 
Que perturba as próprias estações e confunde 
Num beijo imaterial os sóis e as chuvas e os ventos! 

Sursum corda! Reparo para ti e todo eu sou um hino! 
Tudo em mim como um satélite da tua dinâmica intima 
Volteia serpenteando, ficando como um anel 
Nevoento, de sensações reminescidas e vagas, 
Em torno ao teu vulto interno, túrgido e fervoroso. 
Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente 
Meu coração a ti aberto! 
Como uma espada traspassando meu ser erguido e extático, 
Intersecciona com meu sangue, com a minha pele e os meus nervos, 
Teu movimento contínuo, contíguo a ti própria sempre, 

Sou um monte confuso de forças cheias de infinito 
Tendendo em todas as direções para todos os lados do espaço, 
A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une 
E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim 
Não passem de mim, nem quebrem meu ser, não partam meu corpo, 
Não me arremessem, como uma bomba de Espírito que estoira 
Em sangue e carne e alma espiritualizados para entre as estrelas, 
Para além dos sóis de outros sistemas e dos astros remotos. 

Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo. 
Tudo o que há dentro de mim tende a despejar-me no chão, 
No vasto chão supremo que não está em cima nem embaixo 
Mas sob as estrelas e os sóis, sob as almas e os corpos 
Por uma oblíqua posse dos nossos sentidos intelectuais. 

Sou uma chama ascendendo, mas ascendo para baixo e para cima, 
Ascendo para todos os lados ao mesmo tempo, sou um globo 
De chamas explosivas buscando Deus e queimando 
A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica, 
A minha inteligência limitadora e gelada. 

Sou uma grande máquina movida por grandes correias 
De que só vejo a parte que pega nos meus tambores, 
O resto vai para além dos astros, passa para além dos sóis, 
E nunca parece chegar ao tambor donde parte... 

Meu corpo é um centro dum volante estupendo e infinito 
Em marcha sempre vertiginosamente em torno de si, 
Cruzando-se em todas as direções com outros volantes, 
Que se entrepenetram e misturam, porque isto não é no espaço 
Mas não sei onde espacial de uma outra maneira-Deus. 

Dentro de mim estão presos e atados ao chao 
Todos os movimentos que compõem o universo, 
A fúria minuciosa e dos átomos, 
A fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos, 
A espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam, 

A chuva com pedras atiradas de catapultas 
De enormes exércitos de anões escondidos no céu. 

Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio 
De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma. 
Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode, 
Freme, treme, espuma, venta, viola, explode, 
Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge, 
Sê com todo o meu corpo todo o universo e a vida, 
Arde com todo o meu ser todos os lumes e luzes, 
Risca com toda a minha alma todos os relâmpagos e fogos, 
Sobrevive-me em minha vida em todas as direções!

Álvaro de Campos

Eu não consigo entender porque alguns ateus que acreditam religiosamente na evolução se esquecem totalmente da “seleção natural” quando resolvem julgar os “crentes”. Hoje eu li essa: “…religiosos por medo que não passam de interesseiros, matando e morrendo pela salvação divina.”

E qual o problema dos crentes serem “interesseiros” na salvação? Segundo a lógica da “seleção natural” e da “evolução”, “matar e morrer pela salvação divina” é totalmente justificável. É a lei da sobrevivência, uai.

Daí a pessoa responde que o crente tem que seguir os passos de Jesus – que não era interesseiro – em humildade e desapego. E daí outra pessoa diz que a lógica para o crente ser interesseiro está no protestantismo, que era apoiado pela burguesia porque pregava riqueza como um tipo de bênção. Mas o que uma coisa tem a ver com a outra? Querer a salvação implica em não ser humilde? O que isso tem a ver com a teologia da prosperidade? E onde é que fica a lógica da questão dentro da premissa da “seleção natural”?

Se eu acredito na “seleção natural” como realmente natural, não tem o menor sentido eu achar “absurdo” o “crente” fazer tudo que está a seu alcance para ter a tal salvação que ele tanto acredita e deseja, pois lutar pela vida é algo natural. Sobrevivem os que melhor se adaptam. Como vou julgar o crente dentro do paradigma do crente (incluindo os que defendem a teologia da prosperidade), se para mim esse paradigma não existe? Se eu julgo o “crente” dentro do paradigma da evolução, tenho que concordar que ele está certo em suas atitudes – por mais absurdas que me pareçam – pela sobrevivência.