Transcrição da live de 11/03/2019 (@debcaroli)
Há muita dúvida e muito equivoco em torno desse assunto. A modéstia é uma virtude. Uma virtude é um bom hábito que faz que a gente incorpore uma característica muito boa que vai nos ajudar, ajudar nos outros, nos fazer pessoas melhores. Existe uma hierarquia de virtudes. O principal é a caridade, o amor, a entrega, a generosidade, que nos faz sair de nós mesmos e, em última análise, darmos a vida pelo outro. Sendo mais concreta, é o que faz a gente fazer o bem, faz a gente sair da nossa casa e ir ajudar uma amiga mesmo sem ter vontade. É o que faz a gente se preocupar com a felicidade do outro.
A modéstia é uma virtude que está muito associada ao pudor e faz parte do cortejo da castidade que faz parte do cortejo da temperança. Por isso eu disse, existe uma hierarquia desses bons hábitos e todos os outros hábitos corroboram para o desenvolvimento desse hábito mais importante e vai fazer que a gente seja de fato mais caridosa e aprender de fato a amar.
Caridade não é só ajudar os pobres.
Como a gente vive dessa forma concreta, na prática, a castidade? Ela é uma virtude que nos ajuda a amar com o corpo e com a alma. Nós somos corpo e alma e essas duas dimensões são indissociáveis. Não existe agora estou amando com o corpo e agora estou amando com a alma. A nossa humanidade nos exige amar com essas duas dimensões, a castidade nos ajuda a amar com o corpo e com a alma, com o coração inteiro, de acordo com o estágio de vida. Se eu vou casar, se vou ficar solteira, se tenho vocação religiosa. É viver o ápice da demonstração do amor, que é o ato sexual, dentro da sua dignidade.
É importante entendermos essa dignidade que o nosso corpo tem. Um exemplo médico: temos órgãos nobres: cérebro, rim, coração. Eles são órgãos muito protegidos. Temos a pele, a gordurinha, a camada muscular, uma proteção óssea, proteção de membrana… Eles estão muito protegidos. Pra gente alcançar esses órgãos nobres, a gente passa por várias camadas. Se a gente ferir esses órgãos, vamos ser prejudicados. O próprio corpo humano nos ensina que o que é nobre tem que ser bem guardadinho. Se o coração fosse exposto? Poderia romper uma artéria… Ferir seriamente…
Outro exemplo é: a gente não anda com o que a gente acha importante por aí. Hoje em dia todo mundo tem celular, eu trabalho com o celular. Se alguém roubar meu celular vai me causar um baita prejuízo. Se eu sair por aqui com o celular mostrando pra todo mundo, vão me roubar. Se eu trato com cuidado, se eu protejo, se eu guardo um celular, eu tenho que guardar o que há de muito importante que é o meu interior. A nossa interioridade, que em tese nós conhecemos mais do que qualquer pessoa, a gente só entrega pra quem realmente vai receber com cuidado, com delicadeza, com a importância daquilo. Nosso interior fala dos nossos desejos, sonhos…. e através da nossa corporeidade, da nossa aparência, da nossa roupa, nosso jeito de se apresentar, nossa aparência externa, vamos falar do nosso interior. Algumas partes do nosso corpo fala da nossa interioridade. Isso não é religioso. É parte da antropologia humana, é uma exigência do ser humano. Essa voz que nos pede que a gente guarde isso, às vezes fica embotada, ás vezes nossa sensibilidade está comprometida, e a gente acaba expondo demais o nosso corpo sem confiança, a gente entrega o meu interior quando mostra excessivamente o meu corpo. Eu não estou nem sabendo. A gente está esparramada. A gente está ali com o coração exposto, com tudo à mostra. Com o risco de entrar uma bactéria… na nossa afetividade. É importante a gente aprender essa dignidade do nosso corpo. Entender que corpo e alma andam juntos. E a gente mostra isso através da nossa aparência.
A mulher, em relação ao homem, tem características bem próprias em termos corporais e psicológicos, que fazem que ela esteja mais exposta. O funcionamento da mulher é diferente. Quando ela se expõe demais acaba despertando determinados sentimentos no homem, impulsos que podem confundir.
É importante entender que quando a gente entende a importância da nossa aparência, do nosso interior, quando a gente entende que com a forma que a gente se apresenta a gente mostra quem a gente é, a gente mostra nossa capacidade de amar através da nossa aparência. A gente vai começar a usar nossa imagem não para constranger os outros, não para violentar, não pra chocar, não pra atrair de forma leviana. A gente vai usar nossa imagem pra agradar, pra elevar, pra trazer uma sensação gostosa, um conforto para a vida dos outros, para agradar nosso Criador, e pra no agradar, pra ter esse amor próprio saudável.
A consequência disso é muito boa pra tudo. Comecem a perceber isso. Você não entende por que ficar falando que “shortinho, decote, que coisa careta”! Isso não tem nada de careta. Isso tem um fundamento muito bonito. Percebam que o pano de fundo de tudo isso é o amor. A gente só tem esse cuidado quando a gente ama, quando a gente quer amar de verdade. Isso é fruto e consequência. Tem como consequência o amor e tem como fruto o desejo de amar.
Quando a gente se veste bem, tem essa decência e elegância, é por amor e não por medo. Não é por medo do amor, medo do mundo, não é por obediência servil, apontar o dedo pros outros, não é por soberba, não é por necessidade de criar um grupinho. Não. A gente faz isso por amor. Cuidar da nossa dignidade não é fugir da vida. Pelo contrário, quando a gente aprende a amar de verdade a gente se abre pros outros. O nosso coração se dilata, engrandece, a gente se torna pessoas magnânimas, com grandeza pelos outros. A gente tem esse pano de fundo essa retidão de intenção. Só vive essa virtude da modéstia quem está vivendo e quer viver o amor, quem quer realmente tratar o próprio corpo, a si mesmo e o outro com delicadeza, cuidado, respeito, sem fugir, sem se esconder. É uma virtude muito própria de quem é apaixonado pela beleza, de quem está atento ao outro. É tão bonito, mas tem que ser uma atitude do coração.
Existem muitas seguidoras que falam que começaram a viver a modéstia… uma virtude se vive com naturalidade. Não é com uma forma esquisita, afetada, não é ficar mostrando pra todo mundo “oi, gente, tô vivendo a modéstia, tá bem? Como é que vc tá?”… isso é tosco. Viver uma pretensa modéstia dessa forma, porque isso não é virtude, é tão grave quanto a livre hiper exposição do corpo de uma forma leviana. É tão grave quando, porque isso cria uma legião de gente estranha, esquisita, amedrontada, com nojinho das pessoas, com medinho dos outros. Que coisa ridícula isso. Tem gente que é muito vítima de outras pessoas que talvez também sejam vítimas, que não entende nada…. eu não sei o grau de má intenção… Eu não estou aqui pra julgar… Muita gente tem boa intenção mas a gente precisa entender que o inferno também está cheio de boa intenção.
A gente pode muito bem se vestir bem, sermos modernas, sermos atraentes, até porque a virtude é bonita e atraente. A beleza está alinhada com a bondade e a verdade. Bondade, beleza e verdade transcendentais do ser. Não tem como desvincular uma coisa que é bonita da beleza. Vira uma coisa tosca, esquisita, feia, que faz mal, que corrompe. É importante a gente ter muita noção disso.
As próprias seguidoras falam comigo que agora estão vivendo a modéstia “mas estou me achando muito esquisita”. Óbvio, você não está vivendo a modéstia verdadeira. Você tá vivendo um treco esquisito, um negócio que te falaram que você não tá entendendo o que é. Quando a gente tem uma mudança de vida a gente vai entendendo muitas coisas aos poucos. Não é uma obediência servil, é uma obediência por amor, é uma confiança em Deus, a gente precisa ter guias sensatos. A nossa mudança para melhor exigem um leve sacrifício e desconforto, mas desconfie se essa mudança de vida te atormenta, se tira a sua paz… isso não tá legal, tá esquisito…
Se eu tenho o propósito de atrair a pessoa para o bem, eu tenho que estar bonita. Quem vai querer imitar a outra se está uma mocoronga, uma brega, isso é é desvirtuar, é feio. Não é virtude. Quando a gente tem boa intenção, exige que a gente se controle… não é pra ser estranho, esdrúxulo. Você que lê a Bíblia, já viu Jesus sendo esquisito? Ele estava lá na galera do pecado, mas não ficava gritando ah, vc não tá vivendo a modéstia. Primeiro ele amava, fazia a pessoa se sentir tão digna, que naturalmente existia uma entrega do coração da pessoa, que acontecia na entrega da corporeidade.
Isso não é religioso, é uma atitude humana. Uma pessoa sensata, boa, que tem retidão de coração, mesmo que não tenha nenhuma religião, ela vai chegar a essa conclusão. É um erro a gente reduzir uma virtude a uma saia midi que não fica bem em todo mundo. Agora, vc vai enfeiar a pessoa para que ela possa se converter? Daqui há pouco ela vai embora. Não é por aí que a banda toca. Quer usar saia midi, usa. Mas uma virtude não é reduzida ao endeusamento da saia midi, da roupa mequetrefe…. Não é possível que estejam fazendo isso com as pessoas. Fica uma coisa que não dá nem vontade de olhar. Eu tenho pena dos maridos.
O estio sexy, os elementos sexy, devem ser usados de forma sutil e estratégica no momento certo para a mulher que é casada, para a que quer arrumar um namorado, porque ele mostra um pouco de abertura para o relacionamento. É diferente de ter um comportamento esquisito, não consegue nem dar oi. É uma afetação porque entra na missa, deita no chão quase… caracas… cada um tem sua forma de viver a fé, uma espiritualidade. Dentro da própria igreja católica, não interessa, qualquer coisa que é boa, que é virtude, que é normal… Oi, gente, eu ô vivendo a fortaleza… a virtude da generosidade… por isso eu tô aqui fazendo essa live pra vcs… isso é muito hipócrita, soberbo, parece um fariseu. Viver uma virtude, quando a gente entende que é importante ajudar as pessoas… ajuda a gente a viver nossa dignidade, nossa afetividade, ajuda no ambiente profissional, familiar, não constrange quem tá perto de mim, não torna o ambiente leviano, não constrange aquele meu colega de trabalho, ele não vai achar que eu tô dando mole pra ele porque eu tô com um decotão… shortinho, decote, usa lá com seu marido… entre quatro paredes.
Mas vamos endireitar o pensamento. Quem quer usar véu usa. A questão é reduzir uma virtude, uma coisa que é boa, a determinados hábitos que são legalista, isso não é viver a caridade a gente excluir as pessoas do culto religioso… a gente pode orientar que certos ambientes exigem um certo decoro, determinadas peças não são adequadas… agora, não poder entrar porque tá de calça? Se tivesse de calcinha, mas é uma calça! Isso é um absurdo, fere demais a misericórdia, a nossa capacidade de olhar por outro e mesmo que acha que está fazendo algo errado a gente acolhe. Será que o caminho é esse? Vamos refletir.
Eu sou a primeira a falar que a exposição não é legal, mas também sou a primeira a falar que a virtude é bonita, ela permeia a nossa vida, a gente insere a beleza de uma maneira muito natural. Vai lá e ajuda a amiga a se sentir linda e maravilhosa. É nosso dever ser transmissor e multiplicador da beleza, sem afetação, com naturalidade e sobretudo com amor, vivendo de verdade esse desejo de fazer o outro feliz, ter esse coração magnânimo, grande, dilatado, que faz a gente esquecer da gente mesmo e olhar por outro.
Se tem uma amiga minha que eu acho que não tá se vestindo bem, eu acho que pode se vestir melhor, que está causando uma má impressão com a imagem por hiper exposição, onde, é de bom tom que deu converse, que eu dê um toque… mas antes você tem que ser muito amiga dela, querer o bem dela de verdade, porque se não vai ser o quê? Uma lição de moral pra você ser a maneirona, pra você se sentir bem? Você tem que ser amiga dela até o fim.
Observação: O link da live já está no disponível no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=pVfdFZMm-ZQ&feature=share.