Eu não consigo entender as pessoas que agradecem os pais que lhes bateram, dizendo ter sido melhor apanhar deles do que da polícia.
Eu não agradeço as palmadas, nem as chineladas, nem as cintadas, nem os castigos que recebi (de joelhos). Não me tornaram uma pessoa melhor. Não me deram nada de bom. Eu não teria me tornado uma criminosa se não tivesse apanhado. Muito pelo contrário – hoje tenho que lutar contra os impulsos violentos de reprodução de comportamento dos pais.
Eu não mudei nenhum comportamento por causa das palmadas. Não parei de fazer o que achavam que não devia. Não mudei de opinião. E fui uma boa garota.
Apanhei pouco. Dá pra contar nos dedos das mãos. Mas me lembro que uma simples conversa e compreensão seriam suficientes.
Eu entendo que a Lei da Palmada, na verdade, tem o objetivo de coibir espancamentos que sempre começam com um tapa. Em poder de quem tem tendência à violência, o tapa pode dar origem a uma avalanche.
Quem pode ser corrigido com um tapa, também pode ser corrigido com uma conversa ou com o cantinho da disciplina “à lá reallity show Supernanny”.
O tapa é totalmente desnecessário. E perigoso. Assim como gritos, berros, e outras coisas que só servem para deseducar. Prova disso é que a geração que cresceu apanhando não fez diminuir a criminalidade. O que educa é estudo e bom exemplo.
Não adianta justificar dizendo que palmada é repreensão, pois vem acompanhada de agressão física. Repreensão, sim. Agressão, não. Mesmo a verbal ou psicológica. A repreensão jamais deve vir acompanhada da agressão. Isso desvirtua os relacionamentos afetivos. Confunde… faz achar que quando amamos e somos amados devemos aceitar a violência e a pessoa deve também aceitar nossos impulsos de fúria.
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